Hoje quero falar com você que é médico ou trabalha na área da Saúde. Sabemos que a pandemia expandiu de forma exponencial os riscos de contaminação e, infelizmente, de morte.
Desta forma, quero te perguntar umas coisas. Você está preparado para deixar para a sua família uma segurança financeira? Atualmente você tem diversificado investimentos ou adotado estruturas de sucessão patrimonial?
É exatamente nas condições atuais em que pensar no futuro se torna ainda mais importante.
O Brasil vive uma crise econômica constante - realçada pela pandemia - e isso torna ainda mais necessária a organização das finanças. Os médicos, em especial, têm à disposição diversas possibilidades de investimentos no exterior ou de dedicarem mais tempo operando em bolsas de valores e com outros tipos de estratégias financeiras.
É importante observar também que a elaboração de estratégias de investimento passa pela educação financeira. O profissional que estiver disposto a melhorar a qualidade de suas aplicações, pode estudar por conta própria – por meio de cursos, blogs especializados e livros – ou contratar uma assessoria que vai auxiliá-lo nas opções disponíveis no mercado.
Entre as opções de investimento nos Estados Unidos estão o mercado de ações, os imóveis, os seguros de vida, entre outras.
Além disso, também fica no horizonte a adoção de estratégias de proteção do patrimônio.
Vamos dividir este texto entre as principais possibilidades para que o seu planejamento financeiro seja feito com sucesso.
BOLSA DE VALORES
Na contramão do ambiente de incertezas, as bolsas de valores parecem estar começando a encontrar um rumo.
Por aqui, o Ibovespa voltou a chegar perto dos 100 mil pontos, enquanto os principais índices do mercado acionário americano, como Nasdaq, Dow Jones e S&P também apresentam sinais de expansão.
Apesar de ainda não ser possível precisar quando e como a recuperação econômica se dará há motivos para ver o investimento em bolsa de valores como uma possibilidade real, principalmente no mercado dos Estados Unidos.
Entre os sinais estão a expectativa de que os governos e os Bancos Centrais conseguirão estimular a economia, afetando positivamente o cenário. Há uma previsão de que o Fed (Banco Central Americano), acompanhado do Banco Central do Japão, do BCE (Banco Central Europeu) e o Banco da Inglaterra possam ser capazes de injetar US$ 17 trilhões no mercado.
Por sua vez, a queda de casos de covid-19 na Europa e a reabertura de atividades, ainda que de forma gradual, também ajudam nas projeções. Neste particular, a aplicação das primeiras doses de vacina também devem afetar positivamente as bolsas, principalmente as ações do setor de Saúde.
Em outro aspecto, a necessidade de estímulos ao consumo manterá as taxas de juros em níveis baixos, fazendo com que o mercado acionário entre no radar dos investidores pessoa física.
IMÓVEIS NOS EUA
Investir em uma propriedade nos Estados Unidos pode parecer arriscado, principalmente no atual momento.
No entanto, a resiliência desse mercado e a possibilidade de bons negócios pode fazer com que essa possibilidade seja levada em consideração.
Um exemplo disso é que desde o mês de junho, diversas regiões do país viram o mercado reaquecer, mesmo que em proporções menores. A área metropolitana de Boston teve a uma taxa de concorrência de 64,1% nas ofertas, enquanto Dallas mostrou avanço de 60,8% e Washington de 57%.
Esses números mostram que mesmo dentro deste panorama de crise, a economia americana é forte o suficiente para resistir e ainda oferecer oportunidades.
Para iniciar o planejamento em um imóvel por lá é necessário entender a dinâmica da região escolhida e o uso que será dado à propriedade.
SEGURO DE VIDA
Em outro momento já falei sobre este tipo de investimento. Na prática tratam-se de apólices de seguro de vida, compradas por fundos de investimentos, bancos, na vida de terceiros, sendo utilizado pelas maiores companhias de seguros globais. Um mercado de mais de US$ 75 bilhões ano hoje nos Estados Unidos.
Este tipo de investimento começa pela organização dos títulos que serão comprados, geralmente dentro de uma trust (ver abaixo), na maioria das vezes, administrados por grandes bancos de investimento.
O retorno, como é de se supor, acaba garantido pelo fato de que todos nós morremos, inclusive os titulares dos seguros de vida, Vejamos como esses estudos são feitos.
Antes de uma apólice de vida ser comercializada, (vendida nesse mercado secundário) o detentor do título (segurado) passa por uma avaliação médica realizada por três médicos especialistas.
O laudo deste processo vai basear a estimativa de vida restante desse segurado. Baseado em um cálculo atuarial e com esses relatórios médicos, chega-se a uma data “em número de meses” que por exemplo um segurado de 70 anos de idade virá a falecer.
Com isso o banco pode comprar esse contrato, indenizar o segurado por um valor maior do que se ele cancelasse o contrato e resgatasse o dinheiro, e a partir desse momento o banco passa a ser o “dono” e “beneficiário” do contrato. Todos ganham. Funciona como um mero e simples desconto de duplicata. A garantia do banco por sua vez, é que quando o segurado falecer ele tem a posição de beneficiário, recebedor do montante segurado.
Voltando a nosso exemplo, ainda assim, as seguradoras colocam mais 24 meses de reserva, além dos meses estipulados por esse prontuário médico, tornando o risco ainda menor, praticamente zero.
Em geral, os contratos geram uma média de retorno entre 65% a 70% em um período de 4 a 7 anos. A rentabilidade, em um cenário ruim, chega a 9,28% ano e no melhor cenário pode ultrapassar os 20% ao ano, em dólar.
Outro ponto que merece ser mencionado no mercado secundário de seguros de vida é que a inadimplência praticamente inexiste e as seguradoras oferecem garantias para que isso não ocorra.
TRUST
Mais uma vez retomo este ponto, importante na estruturação da sucessão patrimonial, por meio da administração de recursos para o benefício de terceiros. Aqui (link https://www.rogercorrea.com.br/post/o-que-%C3%A9-uma-trust) explico com mais detalhes como funciona esse modelo.
Essa estrutura precisa garantir os direitos dos beneficiários nomeados. E pode ser uma boa forma de garantir a proteção e também a distribuição do patrimônio em caso de morte.
OURO
O investimento no metal nem sempre é levado em consideração, mas com a instabilidade da economia e com os ganhos registrados nas últimas semanas, o ouro voltou aos holofotes.
No fechamento do primeiro semestre deste ano, o valor da onça ficou bem próxima aos US$ 1.800 (cerca de R$ 10 mil).
Entre as razões para tal avanço estão uma aversão ao risco um pouco mais elevada e a avaliação do banco Goldman Sachs de que o metal precioso chegaria ao atual patamar.
ORGANIZAÇÃO FINANCEIRA
A estratégia de proteção do patrimônio começa pela adoção de um planejamento financeiro que contemple o controle das receitas, a definição de investimentos, a constituição de uma reserva financeira e a adoção de instrumentos de blindagem patrimonial.
A organização das obrigações financeiras do consultório também é importante e neste aspecto a adoção de um software de gestão financeira pode ajudar na otimização de tarefas, como pagamento de fornecedores, de salários e ao mesmo fornecerá uma noção mais exata do fluxo de caixa e das disponibilidades financeiras.
TESTAMENTO
A rotina de um médico é complexa e conta com consultas, cirurgias, reuniões, simpósios e outros eventos, que somados chegam a tomar mais de 60 horas semanais. Sendo assim, nem sempre sobra tempo para pensar na distribuição do patrimônio após a morte.
Por conta disso, estabelecer um testamento é bastante importante.
De acordo com uma definição do STJ (Superior Tribunal de Justiça) “o testamento é ato solene que deve submeter-se a uma série de formalidades, que não podem ser desprezadas, sob pena de nulidade. Contudo, essas formalidades não podem ser adotadas de forma exagerada.
Essas exigências devem ser acentuadas ou minoradas para preservar dois valores: assegurar a vontade do testador e proteger o direito dos herdeiros, principalmente dos filhos”.
A partir disso, o documento pode ser público – acessível a qualquer pessoa – ou cerrado, que demanda sua abertura apenas após a morte do testador.
Existe também o testamento particular escrito de próprio punho ou por processo mecânico e que deve ter três testemunhas. Após a morte do testador, é feito o registro do testamento em juízo, com a citação dos herdeiros legítimos e ouvidas as testemunhas.
Um dos principais motivos para se fazer um testamento é justamente evitar os riscos que uma disputa judicial que se arraste por anos pode trazer para a riqueza de uma família.
A importância de se garantir o desejo do testador é tão grande que o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), desde 2016, determina a obrigatoriedade das autoridades competentes checarem a existência de testamento no banco de dados do RCTO (Registro Central de Testamentos On-Line), da Censec (Central Notarial de Serviços Compartilhados), antes de dar continuidade aos procedimentos de inventários judiciais e extrajudiciais.
Um modelo básico de testamento deve conter o nome das três testemunhas e o número de seus documentos, a determinação explícita de quais bens serão destinados para os respectivos herdeiros e também a subscrição das três testemunhas. Ao final, o documento deve ser lido na presença dos seus envolvidos.
Vale ressaltar que procedimentos como a eutanásia são proibidos e o chamado testamento vital (expressão de vontades no momento imediatamente anterior à morte) não estariam contemplados pela lei brasileira.
Para quaisquer dúvidas, entre em contato: rogercorrea.com.br/contato
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