Quase 147 milhões de brasileiros irão às urnas no dia 7 de outubro – e devem fazer o mesmo 21 dias depois – para escolher o 38º presidente do país, e também novos deputados, senadores e governadores nas eleições 2018.
O tema será dominante ao longo do ano e vamos traçar um pequeno panorama do que nos aguarda.
A agenda política das eleições 2018 terá início no dia 24 de janeiro com o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A reunião do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) será realizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
As consequências do julgamento fatalmente mexerão com o cenário. Se Lula tiver sua condenação confirmada, poderá ser considerado inelegível o que forçará o PT a buscar outro candidato.
Neste cenário, é possível supor que o campo de esquerda tenha diversas candidaturas. O ex-governador do Ceará e ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT) será o primeiro beneficiado com a condenação de Lula, mas legendas que normalmente andam junto com o PT, como o PCdoB, poderão lançar um nome para o Palácio do Planalto.
A possível saída de Lula do cenário das eleições 2018 também afetará o centro. Para muitos analistas políticos, há uma boa chance desse campo político sair com diversos candidatos, assim como foi em 1989. Caso isso aconteça, não é difícil imaginar que o segundo turno não conte com nenhum nome desse espectro.
Sendo assim, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) surge como um nome com chances concretas de chegar ao segundo turno, apesar da rejeição de alguns setores e do pouco de televisão a que terá direito na disputa.
O segundo ponto importante do calendário será o dia 7 de abril, quando todos os políticos que concorrerão a algum cargo terão que deixar suas funções. Esse será um bom termômetro, inclusive para o mercado, de quem realmente terá chances de disputar.
Outro ponto que frequentemente é comentado é a possibilidade de um outsider, assim como foi Donald Trump nos Estados Unidos e Emmanuel Macron na França, ter chances de vitória.
No cenário brasileiro, essa tendência ganharia força caso Lula fique de fora e Bolsonaro comece a cair nas pesquisas. Se isso não acontecer, ficaria difícil pensar na viabilidade de nomes como o do apresentador Luciano Huck.
Uma outra possibilidade, menor, mas existente, é a do governo do presidente Michel Temer (PMDB) conseguir mais avanços na economia e se tornar um fiador mais relevante de algum nome.
Instabilidades nas finanças frente às eleições 2018
O sobe e desce da Bolsa, do dólar e até mesmo dos juros estarão ligados ao cenário eleitoral. Caso Lula tenha chances de concorrer, mesmo que amenize o discurso, causará alguma instabilidade. Bolsonaro, por sua vez, apesar de adotar um discurso mais liberal, ainda assusta setores do mercado e suas declarações ao longo da campanha também pesarão.
Em um cenário tão instável, com a possibilidade de o mercado ser afetado diretamente por isso, nunca foi tão importante montar um planejamento financeiro. A hora de começar é agora.
Candidatos às eleições 2018
Lula – Ex-presidente por 8 anos, o petista saiu do cargo com popularidade alta e conseguiu eleger sua sucessora, Dilma Rousseff (PT). No entanto, o desastre administrativo, o impeachment e a condenação na Justiça tiraram de Lula muito do favoritismo. Se disputar, será um alvo preferencial.
Bolsonaro – Deputado carioca, ganhou notoriedade por um discurso mais radical, ligado à área da segurança pública e do militarismo. Tem bom poder de comunicação, principalmente com os mais jovens, e aparece bem nas pesquisas. Se chegar ao segundo turno contra algum adversário mais moderado, poderá ter dificuldades.
Marina Silva – A ex-senadora e ex-ministra chega a sua terceira eleição presidencial. Desta vez, a missão parece ser mais difícil. Seu partido, a Rede, teve desempenho tímido em 2016 e terá um desafio grande para formar palanques em muitos estados. A legenda ainda pode apostar em nomes com o ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa como vice ou até mesmo como cabeça da chapa presidencial.
Geraldo Alckmin – O possível candidato do PSDB tem a seu favor o discurso da estabilidade. Se as eleições ficarem polarizadas, poderá levantar a ideia de ponderação e ser o principal nome do centro. Por outro lado, os tucanos também perderam a confiança de parte da população ao terem nomes do partido citados em escândalos recentes.
Ciro Gomes – O político cearense dedicou-se a formar palanques em diversos estados brasileiros. Ao mesmo tempo, sua visão mais keynesiana da economia e discursos polêmicos poderão tirar muito da sua força.
João Amôedo – Criador do Partido Novo, o empresário aposta na novidade para tentar chegar ao Planalto. A estrutura reduzida e a defesa de bandeiras como a privatização tornam o desafio maior. Sem contar o tempo de televisão que será quase zero. É uma candidatura ideológica.
Luciano Huck – Apresentador da TV Globo, tem negado que tenha a intenção de concorrer. Caso saia como candidato, não poderá ser desprezado porque é uma figura pública, carismática e que terá boas chances de se filiar a algum partido grande. Mas o fato de não ser político pode atrapalhar as negociações em momentos mais delicados de uma possível campanha presidencial.
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