Se os sinais de recuperação da economia brasileira eram fracos e até mesmo divergentes, a situação ganhou um agravante recentemente: a alta do dólar.
A valorização da moeda norte-americana já somou 10,61% neste ano e motivou o Banco Central a atuar no mercado, tentando reduzir o efeito da subida.
Este ingrediente novo no ambiente econômico, somado às instabilidades das eleições e do cenário político agravam ainda mais o quadro.
No agronegócio, a pecuária é um setor que já começa a sentir esses efeitos também. Apesar do preço da arroba ter cedido pouco, o cenário futuro é preocupante.
De acordo com a Scot Consultoria, a alta do dólar deve trazer dificuldades. “Esse fenômeno acaba trazendo mais dificuldades do que benefícios aos pecuaristas, já que como as moedas de nossos compradores também perderam valor frente ao dólar, a pressão por queda nas cotações da carne em dólar tende a aumentar, anulando em parte o benefício que teríamos com a alta da moeda” pontuou...
Para o BC, a origem da alta do dólar reside no aceno dos Estados Unidos de retirarem estímulos financeiros e possivelmente elevar os juros. Em relatório recente, a entidade monetária destacou o seguinte. “Nesse grupo, a principal preocupação se refere ao processo de retirada de estímulos monetários nos Estados Unidos e em outras economias avançadas e suas repercussões no sobrefluxo de capitais e no custo de captação de países emergentes”, explicou.
O cenário envolveria ainda o aumento da incerteza, fuga de capitais, alta do dólar e redução da nota de crédito dada por agências de classificação de risco.
Por outro lado, a balança comercial brasileira registrou um superavit de US$ 6,1 bilhões em abril deste ano. O dado foi 11,8% menor do que o registrado em abril de 2017, mas foi o segundo melhor resultado para o mês da história, conforme dados divulgados pelo Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.
Em abril do ano passado, a diferença entre as exportações e as importações ficou positiva em US$ 6,9 bilhões. Foi o melhor dado desde o início da série histórica da pasta, iniciada em 1989.
EFEITOS
Conforme relatório divulgado pela Economática, a subida do dólar pode ter fortes impactos em termos de despesas financeiras das empresas de capital aberto.
Segundo a consultoria, as 85 empresas de capital aberto com dívida em moeda estrangeira no primeiro trimestre de 2018 acumulam R$ 180,79 bilhões equivalentes a 40,5% do total do estoque da dívida bruta. Considerando que a empresa mantém o mesmo estoque de dívida no segundo trimestre de 2018 e que o dólar Ptax tem valorização de 12,08% até o dia 19 de maio), a dívida em moeda estrangeira das empresas que era de R$ 180,79 bilhões em 31 de março passaria para R$ 203,9 bilhões, gerando despesa financeira de R$ 23,19 bilhões devido à variação cambial.
O que deve ser observado neste momento é que dificilmente a tendência deve ser reverter, principalmente por todo o quadro de instabilidade já mencionado no começo do texto.
Em breve falaremos sobre o dólar e seu histórico de cotações.
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