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Foto do escritorRoger Correa

Crise argentina agrava-se e reverte momento positivo do país

Atualizado: 24 de jan. de 2020

Poucos países tiveram uma reversão tão grande de expectativas em um tempo tão curto quanto à Argentina. Há alguns meses falamos sobre o momento de esperança que a nação vivia e de como isso poderia se traduzir em uma melhora na situação econômica.


No entanto, o ano de 2018 reservou uma conjuntura mais dura e colocou novamente os argentinos no ciclo de inflação alta e desvalorização da moeda. 



Os temores com o aprofundamento da recessão e o retorno das condições que levaram o caos ao país no começo deste século ficaram mais fortes do que nunca e causaram a busca por socorro junto ao FMI (Fundo Monetário Internacional).


Em junho, a instituição liberou pacote de US$ 50 bilhões, que foram acrescidos de outros US$ 7 bilhões agora em setembro.


Os números da economia argentina realmente impressionam negativamente. Em 2018, na comparação com o dólar, o peso teve desvalorização de 52,4%. Além disso, o saldo negativo das contas públicas chegou a 7% do PIB (Produto Interno Bruto).


Já a taxa de juros chegou a incríveis 60%, na tentativa de controlar o estímulo à atividade econômica. E, por sua vez, o saldo da conta corrente está negativo em 5% do PIB.


A ‘tempestade perfeita’ acabou sendo agravada pela instabilidade política, algo que não havia afetado até o momento o governo de Mauricio Macri. Apesar de ter maioria no Congresso, os peronistas conseguiram se mobilizar e realizaram greves gerais.


O clima ainda foi agravado pela renúncia do presidente do Banco Central, Luis Caputo, que foi substituído por Guido Sandleris, que era o segundo homem mais poderoso do Ministério da Fazenda.


O perfil de Guido é alinhado ao do grupo econômico de Macri e o novo titular foi docente na Johns Hopkins University e professor visitante no London School of Economics e na Universidade dos Andes, assim como pesquisador visitante no Fed (Federal Reserve, banco central dos EUA) de Mineápolis, no Banco Central de Chile, na PUC-Rio, no BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e no próprio FMI.


HISTÓRICO As origens da nova crise argentina residem em um possível descompasso entre a expectativa da população com o que de fato foi feito pelo governo.


Em 2016, quando a atual administração pagou os fundos abutres e conseguiu recuperar parte da credibilidade no cenário internacional, era a hora, para alguns economistas de também oferecer o remédio amargo do ajuste fiscal.


Apesar das contas terem ficado sob controle na comparação com o período dos Kirschner, a mudança no cenário, principalmente pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, forçou o governo argentino a aprofundar os cortes.


A volta da inflação em patamares mais altos (os índices não são confiáveis) tornou o quando ainda mais complicado.

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