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Foto do escritorRoger Correa

Correios: como a crise financeira pode indicar novos caminhos

Greves e uma grave crise financeira colocaram os Correios no noticiário diário no Brasil. A decadência da empresa é fruto de um conjunto de fatores, que vão da má gestão à transformação do mercado.


Os números dos Correios realmente assustam. Em levantamento recente feito pela CGU (Controladoria Geral da União) foi detectado que o volume de indenizações pagas pela empresa por atrasos, extravios e roubos cresceu incríveis 1.054%. Esse tipo de gasto representava, em 2011, R$ 60 milhões e em 2016, o valor já tinha disparado para R$ 201,7 milhões.


Em uma amostragem simples, não é incomum que muitas pessoas contem histórias de encomendas que não chegaram ou que demoraram muito para chegar. Neste ponto é necessário questionar por qual razão os Correios chegaram a esse grau de problemas?


A resposta não é simples. O primeiro aspecto que chama a atenção é a estrutura dos Correios que hoje tem 106 mil servidores ativos e mais de 30 mil inativos. O impacto dos planos de saúde fez com que a estatal apelasse ao TST (Tribunal Superior do Trabalho) para autorizar a cobrança de mensalidade dos funcionários e de seus dependentes.


Além disso, governos chegaram a retirar, entre 2007 e 2013, R$ 6 bilhões do caixa dos Correios para reforçar o superávit primário do país, o que afetou ainda mais a capacidade de investimento.


Para completar o quadro, o fundo de pensão dos Correios, o Postalis, foi alvo de operação da Polícia Federal e encontra-se sob intervenção da Previc desde o ano passado. O rombo seria de R$ 5,6 bilhões.


Cenário dos Correios

O mercado mundial para as empresas postais mudou de maneira profunda. A difusão da internet e de meios como o WhatsApp fez o volume de envios cair de maneira constante ano a ano.



De acordo com a pesquisa anual feita pela IPC (International Post Corporation), o mundo registrou queda de 4,2% no número de correspondências enviadas. No total, as receitas dos correios chegou a 425,3 bilhões.


A mesma pesquisa revelou que a participação do e-commerce passou de 11,5% em 2011 para 20,1% em 2016. Isso revela a demanda que esse tipo de mercado vai oferecer às empresas postais.







No caso brasileiro, isso fica mais delicado pela questão de existir monopólio, desde 1978, o que inviabiliza a concorrência e faz com o que os Correios sejam clientes preferenciais de empresas de comércio eletrônico, como por exemplo o Mercado Livre.


Transformação dos Correios

O estudo da IPC mostra também que as empresas do setor devem apostar cada vez mais diversificação dos serviços. Apesar do envio de correspondências ainda ser o ‘core’ do negócio, as encomendas postais e serviços financeiros são duas tendências que têm aumentado sua participação na composição do mercado.


Para se ter ideia, em 2016, as encomendas representaram 20,2%, enquanto os serviços de remessas de dinheiro chegaram a 25,9%. Uma confirmação dessa tendência vem do Japão, onde estima-se que o correio seja o maior banco de poupança do mundo, com 23 mil agências. Por possuir uma logística apurada, a empresa consegue oferecer taxas maiores de rendimento aos cidadãos.


Outro exemplo disso é a Alemanha, já que a tradicional Deutsche Post adquiriu a empresa DHL, que virou um braço importante no transporte de cargas e no oferecimento de soluções de logística como a criação de supply chains.

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