No nosso texto anterior falamos sobre casos de empresas familiares que não conseguiram realizar a sucessão de maneira adequada e, infelizmente, sofreram ao longo desse processo.
Desta vez a ideia é compartilhar experiências exitosas, cada uma com uma estratégia diferente, de companhias que conseguiram fazer a transmissão do seu comando entre gerações.
O primeiro caso é o da empresa Centro Elétrico, do Maranhão, que foi objeto de um trabalho científico elaborado por Débora Paula Massoli Fiquene da Cunha, da FGV-RJ.
Em seu estudo, a profissional destacou, após pesquisas com autores da área, que “pode-se afirmar que o processo sucessório em organizações familiares se constitui em um eixo fundamental para sua compreensão e como fator preponderante para a continuidade da organização, visto que, em muitos casos, várias organizações familiares são desfeitas durante ou logo após um processo sucessório mal conduzido”, pontuou.
Já em outro trecho, a autora deu pistas “a sucessão não é um problema que pode ser resolvido da noite para o dia: é um processo lento, que requer um preparo antecipado das pessoas da nova geração que possam a vir gerir a empresa. Uma medida que facilitaria o planejamento sucessório seria a melhor preparação dos herdeiros, dotando-os de formação específica, com condições para trabalhar em qualquer empresa independentemente de ser da família ou não”.
No caso da empresa Centro Elétrico, varejista, a sucessão se deu pela preparação de outros familiares para que exerçam cargos de comando dentro da empresa e também pelo estabelecimento de um conselho consultivo, que avaliza as decisões e a manutenção do controle da companhia dentro da família.
Outro exemplo de transição realizada com sucesso foi o da fabricante de máquinas agrícolas Jacto. Em uma entrevista concedida a um estudo da consultoria PWC (detalhado nesta matéria) o atual presidente do Conselho de Administração da empresa, Jorge Nishimura, relatou como tudo ocorreu. “ Tivemos que reorganizar totalmente a empresa. O modelo organizacional adotado pelo fundador já não servia mais para a segunda geração. Costumo dizer que a primeira geração lidera a empresa adotando um regime monárquico, mas a segunda geração somente sobrevive se mudar para um regime mais democrático”, definiu.
Em outro trecho, Nishimura trouxe outras informações sobre a sucessão da empresa. “A implantação de mudanças do regime de governo na empresa familiar é sempre muito complexa e demorada, e foi exatamente o que aconteceu conosco. A transição da primeira para a segunda geração aconteceu pouco antes do início da grande crise da década de 80. Foi um período bastante conturbado por causa da hiperinflação e de seguidos planos econômicos, o que acabou levando muitas empresas à lona por excesso de endividamento. Em 1981, decidimos sair da dependência financeira dos bancos, mesmo que isso significasse a diminuição da empresa. Mas, por uma feliz coincidência, nessa mesma época, o Sr. Shunji Nishimura foi ao Japão para receber um prêmio do governo japonês, teve a oportunidade de conhecer a Toyota e ficou impressionado com o sistema japonês. A Jacto foi uma das primeiras empresas brasileiras a adotar esse sistema, introduzindo conceitos como just-in-time, kanban, células de manufatura, entre outros. A implantação do sistema possibilitou a redução de estoques e a consequente geração de caixa, livrando-nos da dependência financeira dos bancos”, destacou o executivo.
TRANSFORMAÇÃO
Ainda é possível citar outro case de empresa que conseguiu sobreviver à troca de gerações.
A Algar atua nas áreas de telecomunicação, agro, serviços e turismo e está na terceira de comando. Fundada por Alexandrino Garcia, a companhia foi administrada por seu filho, Luiz Alberto Garcia e agora está com o neto, Luiz Alexandre Garcia.
Ao longo dos anos, que começou a trajetória com investimentos em gado e terras, diversificou e é produtora de soja, milho, entre outros produtos. Além disso, vende soluções de tecnologia e atua no turismo, tendo com uma das subsidiárias o Grupo Rio Quente.
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